Cartas a uma jovem racha - saudades francesas

Pessoa insana;

pelamordeDIEU (sim, porque je parle Frances aussi), quando tu voltas, se é que voltas?

A umidade tá correndo solta por aqui, assim como a gripe suína. Ainda ontem eu tava tomando um café e tava com o nariz escorrendo, com um lenço a tira colo, e as pessoas me olhavam torto, me censurando, se levantando das mesas e saindo de perto de mim. O medo e a insegurança estão horríveis, nem mais boquete na Redenção à noite está rolando (os bofes tão exigindo exame que comprove soronegativo para vírus da gripe suína, por aqui também chamada pelo nome carinhoso de PIG). Mas eu não estou com a PIG, é tudo preconceito & discriminação - nada com o que eu não esteja acostumado.

Eu sempre detestei Brasília. Sempre. Quando tu me disseste que tu ia pra aí, eu te disse: "Brasília é a pior cidade que eu conheço". E é. Mas ainda bem que tu estás numa bolha de luxo & glamour, né, meu bem, porque bichas de terno fazendo a linha New Yorker é tuuuuuudo. Aqui eu tenho que aguentar até meia soquete com sapato de fru-fru.

E as festas? E os homens?
E o (piiiiiiiiiiiiii)? E aquela boca gostosa dele?

Eu sigo na minha vidinha matrimonial, cozinhando às quintas à noite pra esperar o marido (e se a janta não está na mesa quando ele chega aí eu apanho, apanho mesmo, apanho de vara e de pau duro, mas tu sabes que eu sempre fui mulher de brigadiano, eu góstio). Não piso numa buatchy desde aquele fatídico sábado de carnaval. Ah: comecei há um mês um curso de tarô & astrologia (porque já deu pra perceber que o doutorado não leva a nada). Tou linda e astróloga. E pasme: não bebo álcool há 14 dias - de nenhum tipo.

Quando termina esse curso?
Quando vai ter um novo concurso para Miss Elegância (já que nem eu, nem tu jamais fomos Miss Simpatia)?

muah, muah, au'revoir Shirley!