Ah, não

Não, não e não! O salto não deu certo. Mas não tão certo quanto eu imaginava que ele pudesse dar. No Brasil me parece que qualquer chute pode ser grávido, mas meus pés não fecundam. Bebo, bebo, bebo.... Oferece-me algo mais interessante que isso? Não quero calções por baixo, nem foto de baixo, mas quero ser um profissional. E isso me incomoda porque jamais serei. Não há estrutura, não há conforto. Os sonhos são vários. Mas os corpos são maiores do que eu imagino do que eu poderia ser. Não poderia ser meu oponente se eu não pudesse sê-lo de alguma forma. Eu preciso ser aquele que eu supero. Mas ele continua tão belo. E me diga, me diga no meu lugar, o que tu vês por essa janela que é tão pequena e que me deixa ver tão pouco do teu corpo. Se há recortes do teu corpo é porque tua janela me impõe navalhas. E há perigo? Há perigo para tuas secreções? Não sei se pras minhas, mas pras nossas... As luzes não costumavam me chamar tanto. Nem costumavam significar tanto. Nunca observei o sol que eu tinha sobre minha cabeça. E tu, tinhas? Tua janela me suporta, me rasga. E se meu corpo não resiste mais, se porque o espelho se encarrega da minha mensagem, ou se minha imaginação fertilizam teus caminhos, eu poderei dizer “nunca”. Mas eu jamais direi “nunca”, porque nenhuma letra antes dessa jamais disse. Eu não estou ausente para ti. Eu estou aqui. Pule a janela, corte-se. Isso que fica pro lado do corte que sangra não nos pertence. Desce. Há mais dores do que tu imaginas. Mas meu beijo não corta, meu beijo cura. Depois de toda a batida, depois de todo choro, anda precisas de mais uma gota de sangue para abatumar? E se eu cortar a garganta daquele que eu gosto de perfurar? Sugira-me outras lâminas pra eu me matar. Porque teus peitos não me sufocam, nem tuas bolas, nem tuas barbas... E se tu pulasse da minha imaginação? É ruim. É péssimo. Porque tu é aquele que me mantém na camadas 8 às 10. E eu adoro. Deixa eu ficar, deixa eu me acomodar nos sulcos do teu pescoço? Eu me deleitaria nesse carpete marrom, bem sexy... Mas jamais serei uma ponte, nem pro carpete, nem pro tapete. Nunca meu corpo denunciou minha verdade. Nunca meu oponente soube que eu chorara, ou que eu perdera pra um peso leve. Não há dinheiro que pague isso. O canudo que atravessa a cachaça consegue drenar o muco do coração. Eu sou de Ogum, e o coração está na espada. Briga comigo, e te machucarei com aquilo que me é mais precioso. Mas e se ele não entende? E se ele não me quer? Na sua paixão tardia, ele ainda deseja aquele que atrás de mim reside... O que posso levantar contra seu desejo? Com que lança posso rasgar seu pesar? Com que pincel posso borrar sua lembrança? Tudo é tão material, tão saboroso... Eu também sinto a carne dele. Seu corpo também está no meu. Ele respira perto dos meus ouvidos. E se eu me apaixonar? Eu daria um tapa na escuridão e diria: “aqui está meu testamento! Jamais uma manhã de desespero!” E quantas foram que tu mascaste na boca, agridoces? É que o corpo bate, e dói, junto com o que chamamos de palavras. Ás vezes vomita. Mas se vomita, é porque ele é saudável!