Eu subi calmamente as escadas do hospital. Informaram-me o andar onde Maria Gabriela havia sido internada um dia antes para dar ao mundo Santiago. Resolvi exercitar as pernas um pouco. "Santiago", eu vinha pensando ao longo do voo de quase doze horas da Nova Zelândia ao Brasil, "Santiago", um nome de fé. Um nome para o qual dá vontade de ajoelhar. Eu e Douglas havíamos pensado em Valentim, mas ninguém haveria de ajoelhar-se para um Valentim. Naquela época, sete anos antes da escadaria do hospital, eu sonhava com um filho homem cujo nome não tivesse a vogal "O", pois julgava "O" demasiado masculino. Douglas, por sua vez, gostava da fé de Santiago. Mencionei que existira um San Valentín. E que existira um San Martín também. Martin seria lindo, não fosse a resistência de Douglas em relação a esse nome que, segundo ele, era uma Marta tímida. Douglas e Maria Gabriela decidiram-se por Santiago, e eu me deliciei. Havia três anos que eu e Douglas tínhamos nos separado e eu tive a certeza de que era comigo com quem ele ainda queria ficar precisamente pelo jogo persuasivo com que convenceu Maria Gabriela a adotar este nome para a criança. Douglas jamais contou para Maria Gabriela que fazíamos listas de nomes para nossos futuros filhos em dias de muito bom humor e depois de muito bom sexo. Apenas sustentou, ao longo de mais de oito meses, a escolha de um nome já escolhido para um filho que já havíamos tido. "A Gabriela é quase uma barriga de aluguel", pensei nas escadas, não fossem os olhos verdes e a voz calma que conquistaram Douglas. "Serão bons pais", eu tinha certeza. Cheguei ao andar do quarto um pouco ofegante. De imediato reconheci Douglas sentado em uma cadeira do corredor, seu pai estava ao seu lado. Douglas apoiava sua cabeça nas mãos, tinha o cabelo raspado. Dei passo por passo para não alertá-lo da minha aproximação. Queria que fosse uma surpresa e tanto. A alguns metros ele levantou o olhar, e eu vi lágrimas nos seus olhos. Ele se levantou dizendo "Ainda bem...", veio ao meu encontro, me abraçou forte e chorou muito. Quanto tempo eu quis sentir aquele abraço de novo, mas não naquele desespero de quem se agarra a um corpo no naufrágio. Maria Gabriela queria muito ter Santiago por parto normal, e aguentou as dores até quando não pôde mais. E não pôde. Foi necessária a cesariana. Todos ignoravam, ela mesma, a obstetra, a ginecologista, o pediatra, o cirurgião, que Maria Gabriela tinha sensibilidade a um dos componentes da anestesia. Choque anafilático profundo. Santiago nascera bem, nascera gordo, nascera chorando e se esparramando. A mãe entrara em coma. "E agora, como ela está?", "É preciso ter fé", me respondeu Douglas sorrindo, com lábios molhados de choro. "Eu posso ficar", eu disse. Douglas me olhou surpreendido, "Mas a gente tinha se separado porque você não queria ser pai". "Estou tendo a segunda chance e agora estou disposto a aprender".