Gotas, goles e garrafas II

Garrafas de surpresas: Surpreendentes enxurradas de 750 ml, novidades engarrafadas, imprevisibilidades com gás e rolhas. Nunca o corpo de um manteve uma ereção por tanto tempo pensando no corpo de um outro; nunca o corpo do outro foi tantas vezes, deslizantemente, auscultado pela língua e pênis de um outro (de um mesmo outro). Nunca a noite de um se estendeu por tão tarde ao ponto de fazer a manhã do outro começar tão mais cedo. Nunca o cabelo de um foi tão comprido e tão ondulado; nunca os olhos do outro foram tão azuis (nunca o olhar de um viu tantos outros ângulos de tantas outras situações [caleidoscópica relação]; nunca o olhar do outro viu o mesmo corpo com tanto desejo reincidente [sugado pelo buraco negro da estabilidade]). Tranquilidade inovadora. É possível – é necessário? – reinventar o desejo, a vontade de estabilidade? Em que medida, quando é imprescindível começar a reconstruir o corpo de um e parar de estranhar o corpo do outro? Haverá dias em que vou escrever palavras de raiva graças à traição do outro?