[...]as a vida grita mesmo assim. Eu fui até a janela, e nem a superfície da piscina estava calma. Não adianta represá-la, nem fazer barricadas: ela avança. Quando se está à espreita a vida acontece. E nisso há aqueles que se acanham, que se encolhem na sua pequenez de misericórdia, e ficam murmurando suas mágoas, seus restos de opiniões, juntando as migalhas de pão mofado para dar de comer às suas soberbas. Há aqueles que fogem, que se calam, que se misturam ao silêncio, que tentam passar incólumes, que preferem não ser vistos nem ouvidos e que trancam o que há pra sair. Há aqueles que choram e que rosnam, raivosos, aqueles que vociferam e ensaiam uma altivez cretina. Há aqueles que olham pro horizonte, estufam o peito e abrem os braços, caindo de olhos bem abertos no redemoinho que sabem que não podem evitar[...]