Eu não retornarei, jamais; tampouco pedirei abrigo. Não morrerei assim, bem como todos gostariam. Não voltarei, não pedirei perdão. Não serei eu a dizer que esqueci, que vacilei. Meu erro teria sido de não ter feito doer mais, muito mais, mas nem sempre a dor tem uma só medida. E nunca tem. A gritaria teria sido outra, em outro tom. Manteiga nos meus dedos. Solidão nos vincos, nas juntas, ali onde um azulejo encontra com outro. Uma reta infalível que dá exatamente na tua casa, no teu corpo. Duas virtudes, ou menos. Jamais morrerei como os outros gostariam. Morrerei do meu jeito, tranquilo, leve. Sem alguém pedindo pra eu voltar. Sem alguém querendo me redimir. Jamais voltarei.