menos uma de todas as paranóias e explicações apriorísticas sem verificação. se falo com o outro e se circulo em meio à alteridade, preciso tomá-los naquilo que são, e aquilo que são só pode ser como se apresentam. não sei há risos por detrás de todo aperto de mão, mas é mais econômico psiquicamente lidar apenas com o aperto de mão. deixo o riso, a suposição do riso ou a crença no riso para mais tarde, um pouco antes de dormir, na contabilidade diária e administrativa dos acertos e dos erros. se o outro se apresenta careca e com barba, pois bem, é com sua careca e com sua barba com quem terei de me a ver, sem nenhuma atualização de outros corpos virtuais, sem nenhuma elucubração de história de vida. reduzir as pessoas à estreiteza do modo como emergem entre as várias outras não parece uma operação de desprezo. é colocá-las num plano raso, numa tela oca, numa inteira possibilidade de ser tudo menos os meus acréscimos projetivos, meus medos vaidosos. não posso envernizar um aperto de mão, uma careca e uma barba com minhas fraquezas, nem vesti-los com meus vacilos.