que tolo, querendo atualizar os acordes de invernos passados. que tolo, inspirando o ar e querendo que doa nas narinas, na traqueia, porque é frio. o ar nunca é frio do mesmo jeito. nunca é o mesmo inverno. nunca é a mesma neve, nem aquela que se viu no sul, nem aquela que se viu no norte. nem aquela que foi simulada com pedaços de papel a3. em papel a3 está colado "preliminar" em toda a extensão de um pensamento que não é preliminar a coisa alguma, mas que é a coisa toda de seu tempo. como eu quis chorar esta semana, pelas pessoas que se atravessam no meu caminho e pelos caminhos que se querem reivindicando lugar em mim: quiseram que eu resistisse, que eu fosse alguém forte, mas sou um brinco da orelha da princesa, pronto para quebrar. uma tristeza imensa me tomou, e me quis paralisar, que é o processo pelo qual, de modo eficaz, você me faz sentir-me feio, me faz sentir-me abjeto, nojento. menos que a barata de GH, menos que as larvas que saem do ralo do meu banheiro quando ali jogo água sanitária, menos que olhar e nausear. menos. e é um peso, uma vergonha, uma corrente que se amarra ao peito e que vou levando, movendo-me com lentidão porque arrasto no chão minha cara e tudo o que diz de mim, que atesta que eu sou eu, envergonhando o próprio chão.