desejo-me. neste conjunto da histórias de abandono e cômodos conjugados, separados pela parede, desejo-me, desejo aquele centro carnudo de mim, uma parte suculenta e enervada, saltitante, que jorra quando é mordida. desejo o centro, o meio, a parte entre o início e o final, a coisa espremida que dá nome à história: abandono. "qual é o nome da minha alma?" o meio do vácuo é o mais denso do vácuo, do silêncio e da indiferença àquilo que poderia existir. parado na porta da frente, me pergunto se posso entrar: se posso pisar no meio, no dentro, dentro da entrada e da saída, dentro da frente e do atrás. desejo-me nesta fase, neste grau e neste andar, neste espaço comprimido e celebrado que é o conteúdo. o conteúdo é meu amigo. a forma me trai.