Assim, de repente, uma lucidez

[...]asa e tinha aquelas ligações. E pra mim ficou tão claro o abismo, o penhasco do qual me joguei. Queda livre. Voltei pra casa sozinho naquela noite, fiquei no bar levantando o copo de plástico cheio de cerveja. Não dancei, não circulei, não compactuei com aquilo. Eu estava incluído naquele espaço para ser dele excluído: para servir de exemplo daquilo que não poderia ser possível ali dentro. Exemplo daquilo que seria rechaçado ali dentro. Eu era um limite: meu corpo era uma fronteira. Um monstro. De mim ninguém poderia passar. Não! Claro que não! Não dói nem cheira mal. É só um lugar estreito, não dá pra se mexer muito. Tem que controlar a respiração pra não colocar muito ar pra dentro dos pulmões, senão quebro os ossos da costela. Nem posso piscar muito, senão meus cílios roçam nas paredes e caem. Não dói nem cheira mal: só tenho que ficar quiet[...]