Sons

Ele batia TAM TAM TAM, um som ácido e metálico!!!! E tirou um martelo gigante de dentro de uma maletinha de plástico!!! E martelava com força, com dor, com a vontade de abrir minha grade!!! Entortou um chave de fenda e entortaria várias outras!!!
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Eu escondia meu rosto com a mão. Tinha vergonha. Porque sabia que todos eles e todas elas, todos/as olhavam pra mim escorado na parede, pedindo por favor pra dormir na minha própria cama. Não dormi.
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EU NÃO SEI! Se eu soubesse eu não estaria aqui! Foi uma semana assim: de gritos.
PÁ PÁ PÁ PÁ. Passos no chão. E eu aguardando, sabendo que seria patrolado. Desejando ser atropelado. E não fui.
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Silêncio. Nem a criança do apartamento da frente existe. Nem tu respiras – sai daqui, já estás morto. Só eu. Um cello lá no fundo. Uma gota da chuva, gota atrasada em cair. Meu piscar, BRALMLURLAM, demolidor!
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Estalos. Minha boca na tua. Tua parte convexa em uma das minhas partes côncavas, entrando e saindo entrando e saindo entrando e saindo entrando e saindo entrando e saindo. Estalos da saliva.
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E tu, TUM TUM TUM, batendo aqui dentro a semana toda. Não esqueci de ti. Eu te escuto bem daqui. Saudades.