Surpresas

Eu bato aqui e faz TUM. TUM. TUM. Um soco sobre a pele e faz TUM. TUM. TUM. Oco, vazio. Mas não é um vazio ruim, triste ou solitário. É um vazio que se alastra e engloba tudo, cresce e rompe. Não é triste, nem dói. é um pouco de mim que ficou aí contigo, um pouco da minha surpresa, um pouco da minha ousadia. Eu te dei a minha ousadia e nós aproveitamos. De tudo isso que é oco, de tudo isso que é vazio, de todo esse vácuo absoluto que vem se deitando sobre mim tu é a parte mais bonita e, de longe, a mais preciosa: faz TUM. TUM. TUM quando eu bato no teu peito. E mais uma vez me supreendo contigo - tu, sempre pronto para me sorrir: "não é um vazio, é um músculo que bomba o meu sangue". Eu também o tenho? "Sim, está aqui, ó": e tu bates no meu peito, com os nós dos dedos sobre minha pele: TUM. TUM. TUM. Se eu rasgar meu corpo, tu entras?