cruzando os domínios da rotina, o firme capuz da rotina, bagunçando um pouco o relógio biológico (como se o tempo estivesse inscrito na carne), transformando a madrugada num viveiro, num canteiro, numa horta escura e silenciosa onde cresce a dúvida: quem quer? da qual desdobram outras dúvidas: quem teria a coragem de querer? quem é esse que quer? posso supor que exista esse que quer? nada mais são além de variações da simples e direta dúvida "quem quer?". nem em um leilão público a pergunta é mais simples. no leilão, "quem dá mais?" é uma pergunta muito densa. supõe que alguém queira e que alguém tenha o que dar em troca com o objetivo de ter. a dúvida tipicamente noturna é outra. quer saber de algo mais elementar, mais conciso, quer saber da pequenina parte fundamental, da mínima partícula comum dos seres urbanos: querer.