eu n [...]ão estou aqui por ti; estou por todos nós. estou para um tempo que precisa de mim, para um tempo que precisa de vocês mas que vocês perdem ou desinvestem. estou aqui todos os dias são dias de julgamento. dias de júri, de inspeção da narrativa que conto sobre meu passado e de investigação das suas relações com a verdade. estou aqui por todos nós, tu vê, por toda necessidade de responsabilização pelo passado. por toda a necessidade de retomá-lo, de re-invocá-lo, de lançá-lo novamente como projeção de um tempo que não é este mas que em breve será. e deverá ser. estou aqui para colocar em movimento por tudo o que corta e separa, tudo o que modifica e altera, tudo o que bifurca e cruza. todos os dias são dias de julgamento para mim, para ti, para todos nós. para quem cuida da espécie viva que 'circula a calma do nosso íntimo'. [é necessário colocar entre aspas nas apropriações das vozes de outros. não é possível simplesmente incorporar letras de música, trechos de livros como se fossem teus. não são, por mais que apareçam em uma enunciação que muda radicalmente o sentido daquilo que é citado. ainda assim, são vozes alheias ao texto e precisam ser creditadas, marcadas como exterioridades da narrativa.] estou aqui por todos nós, para garantir que nosso julgamento será justo. estou aqui para evitar ilusões e falsidades. estou aqui porque sou lúcido e porque vocês precisam de mim. estou aqui pelo hoje, pelo agora, pelo tempo presente, pela dádiva que será o amanhã. eu sou o arauto, o anunciador, a trombeta que grita [vale a pena antropomorfizar uma trombeta - que grita? não seria esteticamente mais forte humanizar o julgamento, descrever o cenário do julgamento, falar do juiz ou explicar o porquê de tu ser tão importante hoje, para mim e para todos nós?] a força de estar aq[...]