fui mesmo no instante que doía, em mim e nele. arrasei quartéis. mas me enlouquecia o chão brilhoso e as teias de aranha no teto: havia alguma esquizofrenia que impedia de entender o teto como sujo. o teto é sujo. há sujeira no teto. o chão pode ser limpo, mas o teto... buenas, continuei. ele reclamou porque botei a long neck de cerveja no sofá, escorada no braço. do sofá. maníaco por limpeza. eu quis um mundo, uma pintura em preto e branco, pode ser carvão, ou pode ser óleo, eu quero um mundo: já não faz muito que eu não reconheço a pele das minhas mãos e hoje ambas estão muito àsperas [me pergunto se estão indo embora de mim?], coisa corriqueira e sem valor no meu diaadia trouxa, que me faz ser eu mesmo trouxa e sem valor, desfazendo qualquer abismo vaidoso daqueles que querem e pensam que tÊm, mas eu que nada nem tenho meu próprio corpo que produz nódulos e manchas e pintas irregulares a seu bel prazer, meu corpo querendo ir embora, que acho estranho porque sempre foi forte e sempre pareceu querer ficar neste mundo de bosta e agora arranja um nódulo ou uma pinta, e cadê minha cerveja ah! achei, no sofá, e quisera eu morrer sabendo da morte com amigos e parentes (parentes não) e bonitinhos e adjacentes, portanto: no banheiro, certo? quando tu tira a roupa, certo? e entra, certo? a água vai caindo e te envolvendo e chicoteando, lambendo e coisando [não achei verbo adequado] a ponto de a gente escutar a água rolando na pele num som que hipnotiza e faz dormir ou faz sonhar; eu quis pisar em assoalhos neutros e descobri com dureza que não há ..... assoalhos. nada em que pisar. doem meu pés e minhas mãos. não tenho coragem em admitir que tenho artrose, embora essa doença me impedirá de escrever em algum momento. não deixe, você que está lendo, que eu pare de escrever por dor. eu permito a tortura somente neste caso: se for pra eu escrever. e escreverei toques lindos, sons e olhares, como eu sei de enquadramentos e de cheiros, e o corpo [não poderia faltar!] discreto e sem cheiro que me pousa a coroa do rei do cotidiano, nemfeionemlindo, uma palavra comprimida e sem hidratante que performa toda a secura e solidão [secura e solidão já foram juntadas antes; portanto: rever]. é a coisa mais feia do mundo esperar. pergunto-me por quê. será o sol que queima? o ar que enche? a luz que rasga? meu pai cheirava como eu cheiro hoje: pelos da perna escamando, nariz avolumando, cabelo grisalho. o cheiro da palma da minha mão é tão meu pai. e a embalagem do sabonete. e a casa: ele me acordava pra tomar água na tampa do pote do talco: um pompom vermelho dentro de uma esfera de plástico. aonde cheguei, clarice? me tira daqui. há uma [?] beleza...