meu corpo tem estado diferente. as carnes estouram a pele. a pele tem sido rasgada e, no rasgo, tenho colocado tintas. estou bastante pintado. tenho pintas por dentro e por fora de mim. tenho rosas sangrando nos pulsos. meu corpo tem estado aguardando a morte de um jeito ansioso, e talvez alguma parte dessa tensão seja precisamente o que tem feito dele mais pujante, mais carnudo, mais polpudo. hoje, por exemplo, acreditei ser de outro a bela coxa peluda refletida no espelho, grossa e roliça. era a minha. é possível dizer, sem erro de engano grosseiro, que a precipitação em direção à morte incrementou-se. tanto mais próximo do sol, maior a claridade que incendeia o que dele se aproxima. talvez seja esse clarão, essa explosão de luz da qual meu corpo se serve agora. estou indo morrer em direção ao sol.