a Vida nos fode, nos presenteia, nos falta, nos celebra, nos prega peças, mente... e depois vai embora. pra sempre - como um namoro, um casamento. pois hoje seria mais um domingo da Vida. ela começou bagunçando meu sono. roubou minha manhã. me adulou com chuva e vento fresco. quis me anestesiar com cerveja. e já no fim, no fim do dia, no momento e no espaço onde já não cabia mais sonho ou energia, um rapaz veio me visitar. e minutos antes de ele entrar no meu apartamento eu pensei sobre quem eu apresentaria para ele. eu, ou débil? ou o frágil? ou o brocha? não tinha energia para nenhum. quando a campainha tocou, e eu arrumei meu cabelo, abri um pouco a camisa, olhei a distância o olho mágico da porta - havia um ser do outro lado, arredondado pela lente - eu fui eu onde eu não pensava. um eu que não pensava em si. e gostei de seduzi-lo, de beijá-lo, de lambê-lo. não pensei em que fazer e como fazer. junto com ele eu fui descobrindo o que a Vida queria de nós. a Vida quer pouco, mas um pouco intenso.