hoje meu coração disparou PARTE II - alínea a

 na página 100 de "copo vazio" eu escrevo a lápis "TODAS assediam o mundo espiritual para trazer o macho de volta". como se aquela piroca fosse a única das galáxias. na página 108 eu comento "a gente faz dessas", sobre quando Mirela vai pra debaixo da mesa e grita alto o nome de Pedro na tentativa ilógica, incoerente, de trazê-lo pra sua vida novamente. nas páginas 72 e 84 eu puxo setas e escrevo nas margens "eles dão sinais"; "eles nos avisam". esses homens que vão embora têm suas formas de vazar resquícios, rastros, pistas de que algo vai dar mal pra nós. a gente percebe e, na hora, finge que é auto-sabotagem. finge que é neurose. finge que é vício de experiências anteriores que deram errado. Mirela doida no enorme pinto flamenguista de Pedro, no seu sotaque de Minas. compreensível. rogo, por outro lado, que possamos fazer pequenos avanços, talvez em uma sequência de workshops ou em breves sessões de coaching, de modo a habilitar esse faro que temos (e temos [nem todas tão aguçadamente.] em algum lugar) para sentir o odor da cafajestada.

depois da tirada de cartas na casa da minha amiga, perdi noites com a imagem das nove espadas perfurando um corpo - o meu corpo. "a crueldade". achei por bem não abrir minha intimidade para mais ninguém. seria melhor manter-me discreto emocionalmente: sofrer em silêncio pela saudade de Nestor, passar os finais de semana lendo romances e assistindo a séries no Netflix. apagar os perfis dos apps de pegação. impedir, ou pelo menos dificultar muito, que outro homem se esgueirasse pelas frestas da minha fragilidade. só não pude supor que uma mulher o faria. pois foi quando aceitei o convite para ir ao churrasco. e lá tinha uma diva fumante.