acordei pouco antes das sete, garganta doendo, "lá vem gripe", e veio, voltei pra cama e me fechei entre as cobertas. eu tinha rolado a noite inteira, sonhando perturbações, e o lençol estava todo enrolado, desorganizado, desajustado. eu não quis levantar. não quis nada do mundo. com muita dificuldade pus me de pé às nove. entre às sete e às nove sonhei com o rosto da minha mãe desaparecendo em um retângulo de terra e cascalho, entre outros absurdos constrangedores. parece que eu queria algo do mundo, afinal. o dia transcorreu como uma tortura de sucesso. ninguém desfez minhas crenças que o mundo será melhor numa próxima vez. "o mundo" ficou martelando na minha cabeça: andei pelas ruas desertas hoje, dia nublado de nuvens cinzas, senti o vento fresco e algumas gotas de chuva na face, e pensei precisamente nisto, n'o "mundo", no que será do "mundo", que "mundo" estranho é este em que vivo, o "mundo" é este que eu vejo ou este é somente um perspectivismo tolo e, em verdade, o "mundo" é muito maior e surpreendentemente mais simples que o "mundo" que cabe na minha compreensão tacanha do que quer que seja? meu "mundo" é minha gripe hoje, o lençol desalinhado, rostos desaparecendo na terra.